Estéticas contemporâneas


  Ao fim da primeira década do século XXI, oferecer experiências estéticas através de proposições artísticas aparentemente ordinárias continua sendo uma questão importante, e intrigante. Nos últimos dois meses, Belo Horizonte recebeu diversos eventos na área da performance art. Uma das discussões presentes nos corredores e mesas de bares próximos aos eventos circundou justamente o problema entre a banalidade de nossas experiências comuns e a banalidade de certas experiências proporcionadas por algumas performances.


  Sem dúvida há espaço e respaldo para essas práticas artísticas, uma vez que a percepção poética/estética dos dias de hoje, se não é apropriada pelas mensagens publicitárias, é, por outro lado, sufocada (quem sabe até coagida) pela quantidade massificantes de imperativos do tipo “faça”, “seja”, “produza”, “compre”. Proporcionar então um espaço de afloramento dessas percepções poéticas e reflexões estéticas talvez possa ser adjetivado como um dos – outrora basilares, hoje em dia demodés – papéis sociais da arte.

 Contudo, o ponto de interrogação insiste em se manter presente na fruição de grande parte da produção artística. A dificuldade da arte contemporânea continua sendo, assim, a necessidade de delimitar sua identidade: é ou não é arte e porque. A questão dos atributos plásticos, estéticos ou poéticos continua aparecendo no horizonte de fruição e qualificação dessa produção artística (há pelo menos quatro décadas). Continuam sendo pertinentes tanto para artistas e críticos, quanto sobretudo para o público. Porque – e de que forma, a partir de quais prerrogativas – acender um fósforo é uma obra de arte? Porque andar em círculos ou oferecer um banquete é uma obra de arte? Sobretudo para público pouco versado nas discussões estéticas e debates téoricos/filosóficos da arte, a questão se torna fundamental. Fundamental por causa de uma insistente necessidade comum a (quase) todos de separar arte e vida comum.

Deleuze: Arte e Resistência

Qual a relação entre a obra de arte e o ato de resistência?
Nenhuma. Esta resposta, provocativa e alusiva ao trecho de Deleuze, consubstanciada acima, visa evitar uma supervalorização da arte como caminho de libertação e resistência, muitas vezes apontado como o único possível, mas isso não quer dizer que se deva descartar a relação proposta por Deleuze.  Parece-me que este se refere ao foro mais íntimo de resistência, aquele em que o indivíduo se vê obrigado a lidar com as pressões e aspersonas que se impõem na vida em sociedade, com as pequenas opressões do cotidiano, da pedestre faixa; é a arte “mescalina o homosexualidad o luna de Valencia, arte nostalgia, complexo da Arcadia, etc.”(3) . Nesse sentido, a resistência só pode existir enquanto ato, somente se plasma na criação e no usufruto individual que independem parcialmente do ciclo manifestação-expressão-compreensão da comunicação; parcialmente, pois na formação da estética-história estes processos intervêm constantemente. Uma resistência no âmbito micropolítico? Talvez. E por ser pertinente a este âmbito, deveríamos descartar sua influência no âmbito macropolítico? Seria ingênuo procurar separar artificialmente as duas esferas, posto que nenhum processo de dominação pode existir sem a interiorização dos valores hegemônicos nas relações sociais mais básicas. A arte, neste contexto, é uma das formas de interiorização da opressão e também de resistência a ela, todos os governos autoritários compreenderam bem isso, buscando controlá-la quer seja por meio da censura explícita, como nas ditaduras latino-americanas, pela produção intensa como no caso do nazismo, ou pela tirania do mercado e do gosto da maioria, como nas democracias ocidentais. Assim, o que se pretendeu aqui, foi desconstruir uma noção pueril de arte como ente anistórico e detentor por si de um potencial transformador e repor em jogo as forças e interesses que se debatem em sua violenta arena. A arte é, enfim, um campo de lutas constantes, em que se manifestam forças ortodoxas, heterodoxas, interesses distintos, e não um instrumento sacro ou meio inócuo onde a esquerda pode depositar suas esperanças sempre que se esgotam as convicções políticas.

A experiência estética em Schopenhauer

O papel da arte em relação a vontade

A constatação da quase universal submissão do conhecimento aos interesses e impulsos da Vontade, de que tratamos há pouco, não impede que o filósofo considere a possibilidade de uma “libertação” deste jugo: “em alguns homens o conhecimento pode subtrair-se desta escravidão, rejeitar este jugo e permanecer puramente ele mesmo, independente de todo alvo voluntário, como puro e claro espelho do mundo: é daí que procede a arte”.




A arte possui para Schopenhauer o poder de suprimir, ainda que por um tempo limitado, a submissão do conhecimento à vontade. Na experiência estética consumada, absorvido em contemplação profunda, várias “modificações” são notáveis: o sujeito, antes dominado pelo querer, torna-se “sujeito puro do conhecer”, isento de vontade; e o princípio de individuação, que causa a ilusão da individualidade, torna-se inoperante, de modo que “nos esquecemos de nossa individualidade, da nossa vontade e só subsistimos como puro sujeito, como claro espelho do objeto, de tal modo que tudo se passa como se só o objeto existisse, sem ninguém que o percebesse, que fosse impossível distinguir o sujeito da própria intuição e que ambos se confundissem no mesmo ser”.



procura descrever o modo como através da arte é possível uma superação da dualidade sujeito-objeto, característica do mundo como representação. Quando atinge o estado de contemplação profunda que caracteriza a experiência estética, o sujeito, que antes “enxergava” uma clara distinção entre si mesmo e os objetos representados, passa a “confundir-se” com eles, constituir com eles uma unidade, espécie de eco da unidade de essência que os une: a essência comum que compartilham, a vontade

A definição de beleza em Hegel



    Para Hegel existe uma diferenciação fundamental entre o belo artístico e o belo natural. O belo da arte está diretamente relacionado com a pureza do espírito enquanto que o belo natural encontra-se diretamente submisso a realidade da natureza.

Nesta perspectiva o “belo artístico exclui o belo natural” uma vez que para o espírito é preciso desenvolver as suas potencialidades, enquanto que a natureza já possui todas as condições determinadas e suas leis são duras.   Assim, Hegel contraria a opinião corrente que considera “a beleza criada pela arte seria inferior a da natureza” sendo portanto contrario também a proximidade da beleza artística em relação a natureza, imitar não é a maior virtude de beleza artística.

Deste modo, “julgamos nós poder afirmar que o belo artístico é superior ao belo natural por ser um produto do espírito, que superior á natureza comunica esta superioridade aos seus produtos, e, por conseguinte, à arte” sendo superior ao belo natural o belo artístico.


Desta maneira a criação mais bela emanado espírito porque é nele que as coisas são puros objetos, realidade perfeitas e potencialmente organizadas sem condicionamento prévio ou limitação de beleza.

O Belo segundo Kant


Kant escreveu três críticas dividindo o conhecimento nos seus três grandes campos: epistemologia (teoria do conhecimento), ética (teoria do comportamento) e estética (teoria do belo). Para cada um desses campos, ele escreveu uma Crítica (investigação). Assim teríamos: (1) Crítica da razão pura, tratando das questões do conhecimento, da epistemologia; (2) Crítica da razão prática, tratando das questões éticas; (3) Crítica da faculdade do juízo, tratando das questões estéticas, ou seja, nossos julgamentos acerca do belo e do sublime.

Kant inicia a Crítica da faculdade do juízo procurando estabelecer a especificidade do julgamento estéticos quando comparado a outros tipos de julgamentos. Essa reflexão, ele a chamou de “analítica da beleza” e a dividiu em quatro momentos.


O Primeiro Momento: compreende os parágrafos de um a seis. Neles, Kant afirma que os julgamentos acerca da beleza estão baseados em sentimentos de prazer. Entretanto, é uma espécie muito particular de prazer. Trata-se de um “prazer desinteressado”. Isto significa que o sujeito que faz um julgamento estético sobre um objeto não tem nenhuma necessidade de possuir ou consumir esse objeto, ou seja, o objeto não desperta qualquer desejo no sujeito que o contempla.

Segundo Momento: trata-se de fornecer uma dimensão “universal” para os juízos acerca da beleza, retirando-os da total subjetividade. Assim, ao fazer um julgamento sobre a beleza de algum objeto pretendemos que todos possam perceber essa beleza e compartilhar do mesmo sentimento. Entretanto, a universalidade do juízo acerca da beleza não é baseado em conceitos. Ou seja, quando alguém propõe compartilhar o sentimento de beleza, não pretende convencer os outros por meio da subsunção desse objeto (singular) em um conceito (universal).

 Terceiro Momento: da busca da especificidade do juízo acerca do belo, Kant diferencia esses julgamentos dos julgamentos acerca do Bem. Juízos acerca da beleza não pressupõem um fim [Zwech] que o objeto deva satisfazer ou alcançar. A “intencionalidade” [Zweckmässigkeit] dos juízos acerca do belo não se relaciona com o objeto visando obter dele um bem moral qualquer.

Quarto Movimento: Kant acrescenta a idéia de necessidade para caracterizar a especificidade do julgamento acerca da beleza. A necessidade refere-se a dimensão da universalidade desses juízos.

para Kant existem quatro faculdades principais no homem, as quais realizam a produção de conceitos e processos teóricos e práticos no que poderíamos chamar de “sistema da mente”. São elas: 
(1) a intuição sensível, que para Kant significa os mecanismos perceptivos e sensitivos (portanto diferente do uso que hoje fazemos dessa palavra); 

(2) o entendimento o qual é responsável por “trabalhar” os dados da experiência sensível, ou seja, da intuição, produzindo as idéias e os conceitos;




(3) a razão que possui autonomia e a possibilidade de extrapolar, ir além da experiência sensível; 

(4) a imaginação, que possui a capacidade de sintetizar as percepções fornecidas pela intuição. Para Kant as percepções não são passivas elas são sintetizadas pela faculdade da imaginação. Assim, a imaginação tem um importante papel no sistema da mente. Ela esquematiza os conceitos do entendimento e os conecta com os dados da intuição sensível. 

Baumgarten: O Belo

O belo e o feio.
A questão da beleza, embora envolva uma grande relatividade, com respostas diferentes para cada individuo, instigou os filósofos ao longo da história, fundando algumas tradições que influenciaram a conceituação em torno do belo até hoje.
Segundo a corrente platônica, o belo existiria em si, a partir de uma essência ideal, objetiva, independente do gosto.
Esta tendência compôs o ideal universal de beleza, dominando a arte da antiguidade até o século XVII.
Em oposição, no século XVII, os empiristas originaram outra tradição, o belo tornou-se relativo, subjetivo, circunscrito ao gosto de cada um, a maneira como cada sujeito percebe o objeto.
O que criou uma oposição que seria resolvida parcialmente por Kant, no século XVIII, para quem a objetividade está no objeto e a subjetividade no sujeito.

Portanto, o belo existe em si, no objeto, mas nem sempre é percebido por aquele que não foi educado para apreciar a beleza, tal como um critico de arte.

Baumgarten
A palavra estética só surgiu no século XVIII, foi empregada pela primeira vez em 1750 por Alexander Baumgarten, como sinônimo do estudo da arte e do belo, construída a partir da palavra grega “aisthesis”.
O alemão Baumgarten foi aluno de Christian Wolff, o sistematizador da filosofia de Leibniz, sendo influenciado pela idéia de que existiriam três faculdades da alma: razão, vontade e sentidos.
Embora a discussão estética existisse desde a antiguidade, nomeada como poética, somente neste momento surgiu como ramo especifico da filosofia.
Baumgarten
Antes a estética estava dentro da metafísica, da ética, da moral, da política e da lógica; a partir do século XVIII, passou a estudar os objetos da faculdade de sentir, enquanto a razão ficou restrita a lógica e a vontade circunscrita a ética.
Portanto, a estética se constituiu como parte especifica da filosofia e, gradualmente, tornou-se uma ciência autônoma e independente.


A estética como ciência.
Através da conceituação de Baumgarten, a estética foi se constituindo como ciência, tendo por objeto a contemplação da beleza, efetuada plenamente na criação de obras de arte.
No entanto, Baumgarten considera a estética como gnosiologia inferior, composta por imagens confusas em comparação a gnosiologia superior, circunscrita a lógica.
Foi Kant que notou que a estética vai além da faculdade de julgar ou sentir, possibilitando um juízo reflexivo, levando o homem a repensar conceitos através da transformação de objetos.
Portanto, as obras de arte, além de estarem voltados para o prazer, questionam o mundo e propõem ao observador um repensar a si mesmo e tudo que o cerca.
Embora não aparente, o juízo estético reflete sobre tempo e espaço, adentrando a capacidade criativa e o desenvolvimento matemático contido no domínio da técnica, repleta de relações de quantidade e proporção.
Conceito complementado pelas idéias do holandês Baruch Espinosa, por meio da transposição de seu pensamento por Goethe, segundo o qual a arte imita a natureza, mas também cria o novo.
Neste sentido, a estética pode ser definida como ciência, pois sistematiza o conhecimento criado a partir do entendimento da realidade contida na arte e em discussões conceituais inerentes ao juízo dos sentidos.

Estética Medieval - São Tomás de Aquino e Santo Agostinho

 Teoria Agostiniana da beleza - Santo Agostinho tem sua teoria da beleza próxima a teoria Aristotélica e afirma que: "A beleza de qualquer objeto material está na harmonia das partes, unida a certa suavidade de cor."

Santo Agostinho não faz referência à grandeza e proporção; Estava bastante atento à distinção entre beleza em geral e o  belo apenas clássico. Sua teoria esboça e aprofunda a síntese de Aristóteles e Plotino, ele empregava, às vezes, em vez da expressão suavidade, a de claridade, o que viria a se refletir nas grandes intuições de São Tomás.
Aristóteles dizia que a beleza resultava da harmonia das partes do objeto estético entre si e em relação ao todo, sendo que a fórmula que resumia a beleza era a da unidade na variedade.
Plotino afirma que a beleza á uma luz que dança sobre a harmonia.
Santo Agostinho ao falar de luz, ou esplendor, parece estar mais próximo de Plotino do que de seu mestre Platão.

O mal e o feio nas obras de arte:
Santo Agostinho
Agostinho partiu da fórmula aristotélica de que a beleza á unidade na variedade. Ele diz que a variedade não deve abranger somente as parte belas de um todo; admite a oposição dos contrários, dos contrastes mais violentos entre partes belas e feias, partes pertencentes ao bem ou ao mal. Também acontece na arte o mal e o feio são remidos com seus contrários.O feio entra como legítimo no campo estético, admitido como fator de valorização do belo, e ambos aptos a fornecer assunto para a criação da beleza.

Teoria Tomista da beleza- Tomás de Aquino é realista e objetivista, busca a essência da beleza no objeto, seja este pertencente ao universo da arte ou da natureza, não aceita os padrões platônicos, nem considera a medida, a proporção aristotélica, como característica da beleza. Para ele não existe um só cânon legítimo para a beleza. Não deixou de lado os aspectos subjetivos, a participação do sujeito na recriação da beleza; ressalta o papel da intuição criadora e da imaginação para a criação e a fruição da beleza


Visão objetivista da beleza na teoria Tomista:

"beleza é aquele bem que é aprazível somente por ser um bem"
"para a beleza, três coisas se requerem. Primeiro, integridade ou perfeição, porque o que não tem integridade é feio. Depois, a devida proporção, ou harmonia. E por fim a claridade, pelo que acham-se belas as coisas que têm cor nítida."
São Tomás encara a beleza sob um novo aspecto: não se exige limitação e medida na grandeza do objeto estético, pois existem formas de beleza que não são realizadas em grandes proporções.


A estética Tomista vê em certo esplendor, ou brilho, ou claridade, o caráter essencial da beleza.

O Belo em Plotino

     
   Diz  Plotino  no  tratado  sobre  o  belo:  o  belo  é  efusivo  na  visão,  está  na escuta conforme a combinação das palavras e nas músicas de todo tipo”, mas aqui não se trata de examinar o belo da música. Plotinadmithavebeleznnaturezabeleznos corpos humanos, nas ocupações, nas ciências, nas virtudes, em tudo o que depende  da  alma.  Mas  o  que  está  presente  nos  corpos  que  os  torna  belos? O  quentãemociona  o  olhadoespectadores. . De fato, Plotino parecfazedexamdquestão  a  próprisubidrumaUnpara onde  o  final  do  tratado  aponta.  Outrossim,  desde  o  início  insiste  na  profu-o da beleza visual. E uma série de correspondências semânticas e conceituais  entre  ver  e  contemplar  demonstra  que  a  beleza  visual  serve  de escada  para  a  conversão.

Potências humanas

O ATO ENQUANTO SER PRESENTEMENTE EXISTENTE


Para Aristeles o devemos buscar a definição em tudo, vezes, é necessário que nos contentarmos com analogias. Apesar de o definir o que é ato, aponta o sentido do termo por meio de exemplos e pelo contraste com a poncia. Ato e poncia são dois modos opostos de existir e há uma relação entre ato e poncia na quao ato está para a poncia assim como certas coisas estão para outras. Aristóteles cita exemplos de antíteses, em que os primeiros membros dos pares correspondem ao ato, e os segundos à poncia:



"Quem constrói espra quem pode construir, quem esdesperto para quem esdormindo, quem para quem es de olhos fechados, mas tem a visão, e o que é extrdo  da  matéria  para  a  matéria  e  o  que  é  elaborado  para  o  que  não  é elaborado, ao primeiro membro dessas diferentes relações atribuiu-se a qualificação de ato e ao segundo a de potência."

Aristeles (Metafísica, 1049 b) 

Arte, ética e Política em Platão

"Nem tudo que é belo é arte"


Na época de Platão dizia que nem tudo que é belo é arte. Na sua época, arte  envolvia todas as atividades que exigissem uma determinada técnica para ser produzida. Era considerado arte a pintura, escultura, trabalho de marceneiro, entre outros.

Para Platão a visão humana é imitativa, observando que partindo desse principio seria apenas uma imitação de um outro mundo, superior ao nosso. No entanto, o filósofo, considerava essa imitação perigosa, pois segundo ele nos conduzia as emoções momentâneas,  o que traz como consequência o afastamento do mundo das ideias. 

A alma em Platão  

Platão organiza a alma humana. Para ele, a alma é o verdadeiro homem. Dotada de imortalidade, após a morte do corpo (cárcere da alma) a alma escolhe o seu destino numa outra vida conforme a verdade que possui (ou seja, o quanto de verdade ela contemplou no mundo das ideias) e migra para outro corpo (metempsicose).


Ética
    A moral platônica tem um paralelismo estrito com sua teoria da alma. Há uma correspondência ética rigorosa entre as partes da psique humana. Cada uma delas tem de estar regida de um certo modo, tem de possuir uma virtude particular. 


Política


    A moral individual tem uma tradução quase exata na teoria da constituição civil ou politéia, tal como a expõe no diálogo A República e depois, de forma atenuada, de mais fácil realização, na obra Leis. Como a alma, a cidade também pode ser considerada um todo composto de três partes, que correspondem às psíquicas. Essas partes são as três grandes classes sociais que Platão reconhece: o povo - composto de camponeses, artesãos e comerciantes -; os soldados e os filósofos. Há uma estreita relação entre essas classes e as faculdades da alma humana, e, portanto, a cada um desses grupos sociais pertence de modo eminente uma das virtudes. A virtude das classes produtoras é, naturalmente, a temperança; a dos vigilantes ou guerreiros, a coragem, e a dos filósofos, a sabedoria.