Baumgarten: O Belo

O belo e o feio.
A questão da beleza, embora envolva uma grande relatividade, com respostas diferentes para cada individuo, instigou os filósofos ao longo da história, fundando algumas tradições que influenciaram a conceituação em torno do belo até hoje.
Segundo a corrente platônica, o belo existiria em si, a partir de uma essência ideal, objetiva, independente do gosto.
Esta tendência compôs o ideal universal de beleza, dominando a arte da antiguidade até o século XVII.
Em oposição, no século XVII, os empiristas originaram outra tradição, o belo tornou-se relativo, subjetivo, circunscrito ao gosto de cada um, a maneira como cada sujeito percebe o objeto.
O que criou uma oposição que seria resolvida parcialmente por Kant, no século XVIII, para quem a objetividade está no objeto e a subjetividade no sujeito.

Portanto, o belo existe em si, no objeto, mas nem sempre é percebido por aquele que não foi educado para apreciar a beleza, tal como um critico de arte.

Baumgarten
A palavra estética só surgiu no século XVIII, foi empregada pela primeira vez em 1750 por Alexander Baumgarten, como sinônimo do estudo da arte e do belo, construída a partir da palavra grega “aisthesis”.
O alemão Baumgarten foi aluno de Christian Wolff, o sistematizador da filosofia de Leibniz, sendo influenciado pela idéia de que existiriam três faculdades da alma: razão, vontade e sentidos.
Embora a discussão estética existisse desde a antiguidade, nomeada como poética, somente neste momento surgiu como ramo especifico da filosofia.
Baumgarten
Antes a estética estava dentro da metafísica, da ética, da moral, da política e da lógica; a partir do século XVIII, passou a estudar os objetos da faculdade de sentir, enquanto a razão ficou restrita a lógica e a vontade circunscrita a ética.
Portanto, a estética se constituiu como parte especifica da filosofia e, gradualmente, tornou-se uma ciência autônoma e independente.


A estética como ciência.
Através da conceituação de Baumgarten, a estética foi se constituindo como ciência, tendo por objeto a contemplação da beleza, efetuada plenamente na criação de obras de arte.
No entanto, Baumgarten considera a estética como gnosiologia inferior, composta por imagens confusas em comparação a gnosiologia superior, circunscrita a lógica.
Foi Kant que notou que a estética vai além da faculdade de julgar ou sentir, possibilitando um juízo reflexivo, levando o homem a repensar conceitos através da transformação de objetos.
Portanto, as obras de arte, além de estarem voltados para o prazer, questionam o mundo e propõem ao observador um repensar a si mesmo e tudo que o cerca.
Embora não aparente, o juízo estético reflete sobre tempo e espaço, adentrando a capacidade criativa e o desenvolvimento matemático contido no domínio da técnica, repleta de relações de quantidade e proporção.
Conceito complementado pelas idéias do holandês Baruch Espinosa, por meio da transposição de seu pensamento por Goethe, segundo o qual a arte imita a natureza, mas também cria o novo.
Neste sentido, a estética pode ser definida como ciência, pois sistematiza o conhecimento criado a partir do entendimento da realidade contida na arte e em discussões conceituais inerentes ao juízo dos sentidos.